Eu sempre acreditei que planejamento era o segredo do sucesso. Minha semana começava com um cronograma perfeito: acordar às 6h, treinar, tomar café da manhã, estudar, almoçar, trabalhar e ainda encontrar tempo para cuidar da casa. Mas, sem perceber, minha vida virava um ciclo de frustração. Esquecia compromissos, acumulava tarefas para o dia seguinte e começava a detestar minha rotina. Era como se cada tentativa de planejar mais e melhor meu dia me afastasse ainda mais de conseguir isso.
Isso soa familiar para você? Talvez você também tenha vivido essa luta com o planejamento perfeito e os resultados frustrantes. Se sim, compartilhe nos comentários: como o excesso de planejamento afetou sua vida ou sua rotina?
Foi quando percebi: o planejamento, como eu fazia, era o verdadeiro problema. O excesso de expectativas criava uma falsa sensação de progresso, enquanto a execução ficava em segundo plano. Eu gastava mais tempo ajustando o que parecia ser o "plano perfeito" do que realmente agindo. Em vez de avançar, me via presa em um loop de autocobrança e frustração.
Foi aí que resolvi mudar. Percebi que mais do que detalhar um roteiro impossível de seguir, eu precisava começar e me ajustar no caminho. Essa simples mudança de perspectiva fez toda a diferença.
O Foco
Decidi simplificar. Este ano, me comprometi a planejar apenas uma coisa por vez — uma mudança que trouxe resultados surpreendentes. Ao me preparar para um concurso público, abandonei o excesso de planejamento e substituí pela prática do foco.
Eu já tinha um cronograma das matérias e sabia quais conteúdos precisava estudar. Então, ao invés de determinar exatamente quanto tempo estudar ou planejar detalhadamente o que fazer em cada dia, simplesmente comecei. Conforme avançava, fui identificando os conteúdos em que tinha mais dificuldade e ajustando o ritmo de acordo com as minhas necessidades.
Essa abordagem mais fluida não só reduziu a pressão, como também me permitiu avançar de forma mais consistente. Eu me concentrava no essencial, resolvendo um problema de cada vez, ao invés de me perder em planejamentos complexos que raramente saíam do papel. Foi libertador perceber que, ao agir, o progresso se tornou natural e menos desgastante.
A verdadeira prisão
A maioria de nós se preocupa com o próprio futuro. É essa preocupação que nos faz planejar, na tentativa de garantir que vamos chegar onde queremos. Mas o planejamento não deve ser o fim em si mesmo, e sim o meio para alcançar algo maior. Caso contrário, ele pode se transformar em uma prisão:
Essa comentário mostra a armadilha em que muitos de nós caímos. Passamos tanto tempo planejando e esperando o momento certo, que esquecemos de viver.
"O arrependimento é inútil porque nos devolve ao passado, que já não podemos mudar, mas nos prende nele como se pudéssemos." — Marco Aurélio
O verdadeiro problema não está no ato de planejar em si, mas na maneira como nos desconectamos de nós mesmos ao fazê-lo. O excesso de controle, somado à busca por um propósito único e definitivo, pode nos paralisar. Ficamos frustrados e perdidos, aprisionados pelas expectativas que criamos.
O planejamento só se torna libertador quando é flexível e alinhado ao momento presente. Ele deve ser uma bússola, não uma gaiola.
A transformação
Aqui estão as lições que aprendi e as etapas que transformaram minha relação com o planejamento:
1. Foque em um objetivo principal
O que: Escolha uma única meta que realmente importa no momento.
Por quê: Ter muitos objetivos divide sua energia e atenção, dificultando o progresso.
Como: No meu caso, defini que faria um único concurso. Isso trouxe clareza e evitou distrações com outras opções ou tarefas menos importantes.
2. Pesquise e se prepare estrategicamente
O que: Invista tempo em aprender sobre o caminho que precisa percorrer.
Por quê: Conhecimento direciona esforços e evita desperdício de tempo em estratégias erradas.
Como: Fiz dois workshops para aprender técnicas de estudo e memorização. Isso me deu ferramentas práticas para melhorar meu desempenho e otimizar o tempo de estudo.
3. Execute uma coisa de cada vez
O que: Priorize a execução em vez do planejamento excessivo.
Por quê: A ação é o que realmente move seus objetivos para frente, enquanto o excesso de planejamento pode paralisar.
Como: Dividia meus estudos em blocos e usava estratégias simples para garantir foco, sem me sobrecarregar com milhares de dicas.
4. Seja flexível e aberta a mudanças
O que: Ajuste o plano conforme necessário.
Por quê: A rigidez no planejamento pode ser um dos maiores motivos de frustração. Circunstâncias mudam, e você precisa se adaptar.
Como: Refiz meu plano várias vezes, adaptando as estratégias ao que funcionava melhor para mim. Isso me ajudou a manter a motivação e evitar a estagnação.
Com os resultados que obtive, decidi nunca mais me planejar com o objetivo de ter controle total sobre o caminho até o meu objetivo. É muito mais fácil começar, prosseguir e alcançar o que se deseja quando o foco está no que se pode fazer agora, e não somente no resultado final.
O progresso não vem de planners incrivelmente bem organizados, mas sim da constância, flexibilidade e foco. Lembre-se: é a ação – e não o planejamento excessivo – que nos leva adiante.
Muito obrigado por compartilhar sua experiência!
Tenho pensado muito ultimamente em escrever as explosões de pensamentos q chegam a me esgotar! Li outro artigo primoroso teu q me inquietou e me trouxe luz para aspectos de libertação da alma, do pensamento e das cargas cognitivas.